O MEDO
Estou na frente do espelho. Vejo um rosto que nem sequer conheço. Ou reconheço.
Gotas de suor escorrem em meu peito.
Estou tremendo de frio, calor, frio, outra vez calor, quanto calor, Deus meu.
Quente o ventre, quente o sexo, quente tudo.
A mão que segura a lâmina é trêmula e tenho medo louco de ferir esta face pálida e cansada. A força dolorida da vida atravessa o ser inteiro que tenho.
Tanto barulho, tantas cores, tantos sons latejando nas veias e artérias azuis-vermelhas. não consigo dominar esta dor branca e negra, perfeita e intensa, imperfeita e profunda.
Num instante feito tic-tac do relógio, outro de mim impassível olha devagar pelas lentes embaciadas. Um sorriso lento agora estampa a nova face calma e tranquila.
Já não calor, corpo ereto, rigido, perfilado, elegante de movimentos.
Meu Senhor, quanta inutilidade na corrida desenfreada, no frêmito apaixonado, na carícia ardente. Respiro suave de novo certezas, outra vez certezas implacáveis.
Mas seguras.
Não tenho sexo, cor ou cheiro de homem. Sou forte e contemplo.
Gota vermelha escorre na pele leitosa. Um sorri, outro treme. Um em chamas, outro gelado. A verdade está no rosto e a mentira na mão trêmula? Ou a mentira do rosto esconde a verdade da mão trêmula?
Gota vermelha no chão, um sorri, outro não existe na mentira da verdade.
Nome da mulher-criança nos lábios, quero ser este que está em mim com ela e comigo
Saio à vida....e escondo essa estúpida mão tremida nas vestes divinas.
terça-feira, 14 de abril de 2009
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Um comentário:
Haha, não sei se é você, mas ok...
lover-craft@hotmail.com
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