domingo, 24 de maio de 2009

Profissão Político - Johnson Franklim Ramos Pimentel

Profissão Político
Johnson Franklim Ramos Pimentel
O crescimento e engrandecimento de qualquer profissional estão fortemente alicerçados na prática diária.

O que faz do homem um grande médico? Muitos anos de estudo, aperfeiçoamento e prática, muita prática. Como se tornar um grande artista, um grande pintor ou um músico de sucesso? Um pouco de sorte no início, mas depois apenas a prática. O crescimento e engrandecimento de qualquer profissional estão fortemente alicerçados na prática diária. Tornar-se um profissional de sucesso depende de muita prática.

E o político? O que faz o cidadão comum se tornar um grande político? Inicialmente o preparo pessoal, somado com a sensibilidade para com as demandas populares, e, finalmente a prática. A prática é a mãe de todas as profissões. Sem ela é impossível a qualquer um – independente do nível de instrução que apresente – avançar muito nesta ciência, que trata das demandas necessárias à construção de uma nação.

Não há um curso específico que ensine as diretrizes básicas para a pessoa se tornar um político. O interessado precisa fazer quase tudo por conta própria, dependendo disso para construir sua base política, seu discurso e seu plano de ação. Mesmo que surgisse uma escola que ensinasse tudo passo a passo, dificilmente ela adequaria uma grade curricular que abrangesse todos os pontos necessários à boa formação de um político. O que existe até hoje são cursos de Antropologia, Ciência Política, Sociologia, entre outros similares que provêem informação, muita informação, mas pouca coisa prática.

É difícil dizer os ingredientes principais de um bom político. Eu acho que a verdade e a ética devem brilhar em qualquer candidato a político. Uns dizem que o caráter deve vir sempre acima de qualquer outra coisa. Outros já acreditam que a honestidade deve estar no topo da lista. Há também os que acreditam que somente a bondade faz um bom político. Ai vem também moral, experiência, criatividade, etc. E a lista segue crescendo.

Não há uma balança onde colocar todos os políticos e medir qual deles é o pior ou o melhor. Estas são apenas duas palavras comuns: o pior para um pode ser o melhor para o outro. O inverso também é aceito e válido. Quantas pessoas que conhecemos que nos pareciam quase perfeitas, mas, que de repente fazem algo errado e perdem nossa confiança.

O brasileiro é um povo muito carente de grandes políticos. Nós integramos uma democracia muito jovem, apesar da idade de nosso país. Em quase dois séculos de república, passamos muito pouco pela experiência democrática de eleger nossos representantes. Talvez por isso alguns dos grandes ícones políticos brasileiros sejam ditadores, que manipularam o voto em busca de mais poder, usando táticas populistas muito baixas. Um paralelo atual seria comparar alguns de nossos líderes do passado à Venezuela de Hugo Chávez, nos dias de hoje.

E mesmo nos dias atuais essa prática ainda acontece muito. Grupos políticos no poder usam e abusam da política pão e circo para se manter no poder. São tantos vales isso, bolsas aquilo, cestas e mais cestas, que é difícil saber se o hoje é hoje mesmo, ou se é apenas um reflexo de um passado não tão distante.

Política verdadeira deve ser encarada como profissão. É uma coisa séria demais para se deixar qualquer um participar dela. Mas, inundada de abutres como anda, como gerar expectativas positivas na população eleitora? Pior, como estimular novas lideranças a integrar os quadros políticos nacionais? Como evitar que grupos corruptos compromissados apenas com seus próprios interesses se apossem de partidos políticos?

A resposta parece bem simples. O povo precisa aprender a se interessar mais pela política e apoiar pessoas sérias e comprometidas com o bem estar geral dos cidadãos. Os jovens precisam ser estimulados a seguir também a carreira política. Precisamos de bons médicos, engenheiros, advogados, artistas e músicos. Mas também precisamos de políticos inteligentes, bem formados e preparados para assumir cargos na administração pública via voto.

Fazer da política uma profissão deve ser encarado não apenas como um idealismo, mas também como uma necessidade. Sem profissionalismo nesta área, ela ficará para sempre nas mãos de pessoas mal preparadas, mal intencionadas e principalmente, corruptas. Não digo que não há pessoas honestas neste círculo, ao contrário disso, mas elas pouco aparecem. Quem aparece demais, geralmente são os maus políticos, e justamente graças a essa exposição conseguem sempre se manter no poder, devido ao voto daqueles que geralmente tem memória muito curta para se lembrar porque ou em quem está votando.

Precisamos de melhores e mais preparados políticos. Para isso precisamos de melhores e mais politizados eleitores. Isso só será conseguido com muita prática. Prática na política e prática na escolha de bons políticos. Mas, sobretudo, nós todos precisamos aprender a colocar em prática os interesses da nação, da coletividade, acima de nossos próprios interesses pessoais. Somente assim a nossa democracia amadurecerá e florescerá, tornando o Brasil um país de futuro, não apenas o país do futuro. Muito prático e simples.

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